sexta-feira, 23 de agosto de 2013

"TI na Segurança Pública" e o "Projeto VANT – Sua aplicação na Defesa Social"

Este blog foi criado por George Freitas especificamente para atender aos requisitos da disciplina "Governo Eletrônico" do curso de MBA em Tecnologia da Informação da UFRJ.

Nesta página irei comentar um pouco sobre "TI na Segurança Pública" e "Projeto VANT – Aplicação na Defesa Social"

1ª PARTE: "TI na Segurança Pública"

Uma breve explicação do quadro de Grandes Eventos

Para iniciar o trabalho sobre TI na Segurança Pública, não poderia deixar de citar a cidade do Rio de Janeiro como pólo de Grandes Eventos e consequentemente os investimentos em Tecnologia. Mas, para tal terei de nos remeter a necessidade de sumariamente elencarmos alguns fatos:
  • eleição da sede da Copa do Mundo FIFA de 2014, mais precisamente em 30 de outubro de 2007;
  • A seguir, em 2 de outubro de 2009, durante a 121ª Sessão do Comitê Olímpico Internacional, o Rio de Janeiro era escolhido para sediar os Jogos da XXXI Olimpíada.


A partir destes fatos o Brasil, e principalmente o Rio de Janeiro, passa a focar em suas necessidades e junto com elas obrigações presentes nos cadernos de encargos e várias outras exigências, desde a mobilidade viária urbana, infraestrutura para recepcionar, acomodar e fornecer mobilidade de qualidade a milhões de brasileiros e turistas estrangeiros, investimentos em transporte público, e entre outras a Segurança Pública.

Novas Condutas

Outros compromissos já faziam parte de nosso calendário e diante de um cenário bem recente tivemos os Jogos Mundiais Militares de 2011, oficialmente denominados V Jogos Mundiais Militares do Conselho Internacional do Esporte Militar, CISM. Foi um evento multi-esportivo militar realizado entre 16 e 24 de julho, no Rio de Janeiro, contando com a presença de mais de 5.650 atletas de 88 países.
A seguir tivemos o Rio+20, ou Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (CNUDS). Uma conferência realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, Durante os dez dias do encontro cerca de 45,4 mil pessoas foram credenciadas.
Tais eventos já nos elevavam ao patamar de reais Operadores de Grandes Eventos, fugindo da condição de observadores e meros planejadores, pois, não podíamos apenas nos trancar, pensarmos e rabiscar o que encontraríamos pela frente.

Síntese das atividades desenvolvidas com foco em TI na Segurança Pública

Foram realizadas atividades de identificação de requisitos, pesquisa e qualificação de modelos de integração, inventários de funcionalidades e visitas às futuras Cidades Sede. Considerando na composição do modelo futuro as informações obtidas, através do levantamento da situação de tecnologia da informação e de comunicações, tanto em seus aspectos restritivos quanto nos aspectos facilitadores.
A finalidade de todo este trabalho seria de buscar a integração dos diversos sistemas de cada Cidade-Sede.

Uma breve explicação sobre o que é C²

Para traduzir toda esta complexidade em realidade, deveríamos buscar não só a integração dos sistemas, mas a coordenação das atividades. A fórmula chamava-se Comando e Controle ou C².
Comando e Controle, uma atividade fundamental para o êxito das operações militares em todos os escalões de comando. Como atividade especializada, sua execução se baseará em uma concepção sistêmica, com métodos, procedimentos, características e vocabulário que lhe são peculiares. Vincula e permeia todas as atividades operacionais e de apoio, sincronizando-as e permitindo ao comandante adquirir e manter o indispensável nível de consciência situacional para a tomada de decisões adequadas às circunstâncias do ambiente operacional, para a expedição de ordens e para o controle de sua execução.
Portanto, verifica-se que C² originariamente é uma conduta de coordenação militar, ou seja, hierarquizada e assim verticalizada (top-down).
Porém, a proposta era trazer na estrutura do Sistema além das instituições militares as instituições civis públicas e privadas, ou todas as que serviriam de base nas decisões e atuações dos Grandes Eventos.

Os Centros Integrados de Comando e Controle na Segurança Pública

Centro Integrado de Comando e Controle com suporte da infraestrutura de tecnologia da informação e comunicação (TIC), processos estabelecidos de integração, coleta e compartilhamento de informações com as instituições participantes (integrantes ou convidadas), visando recebimento de dados de instituições de segurança nos níveis Federal, Estadual e Municipal, dependendo do evento a que se destina (Rotina, Grandes Eventos) até Gerenciamento de Crises.

Modelo conceitual dos Centros Integrados de Comando e Controle

O modelo conceitual de suporte tecnológico aos serviços aplicados aos Centros Integrados de Comando e Controle, comporta desde:

·      Videomonitoramento

o    Estrutura própria e Integração (Agências Integrantes e Convidadas)

o    Urbano (Câmeras do Estado e Municípios)

o    Câmeras dos Estádios

o    Imageador Aéreo

o    Centros Móveis

o    Plataformas de Observação Elevadas

o    câmeras embarcadas em viaturas policiais

·      Sistema de Atendimento e Despacho de Demandas Emergenciais (TIDE), Atendimento, Acompanhamento e Registro das Ocorrências;

o    Georreferenciamento de Ativos (homens, viaturas, rádios, rotas)

·      Terminais de Bordo nas Viaturas

·      Rádio (diferentes tecnologias)

·      Sensores (SISDAF e OCR)

·      Telefonia

·      Internet

·      Intranet

·      Mídia

o    Acompanhamento da mídia

o    Relação com a mídia

·      Inteligência

·      Videowall

·      Governança de TIC

o    Governança propriamente dita

o    Segurança

o    Políticas

o    Classificação

o    Segurança Física

o    Infraestrutura

o    Telecom

o    Aplicação

 

Modelo Conceitual (requisitos TIC) - Rio de Janeiro (Agências Integrantes e Convidadas)

· Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro

· Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio de Janeiro

· Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro

· Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro

· SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência)

· Polícia Rodoviária Federal

· Departamento de Polícia Federal

· Receita Federal

· Guarda Municipal

· Defesa Civil Municipal

· Companhia de Engenharia de Tráfego

· Secretaria Municipal de Ordem Pública

·   AGETRANSP (Agência Reguladora dos Serviços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro)

o          Metrô

o          Supervia

o          Barcas

· DETRAN

· CCR-Ponte

· LAMSA (Linha Amarela)

· INFRAERO

· ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações)

· Centro de Operações Rio

· Centro de Comando de Defesa de Área

· Centro de Defesa Cibernética

· CICC M - Centro Integrado de Comando e Controle Móvel

· CICC L - Centro Integrado de Comando e Controle Local

·  CIOCS - Centro Integrado de Operações Conjuntas da Saúde (Fed./Est./Munic.)

· Centro de Inteligência Regional

o          ABIN

o          Demais Agências de Inteligência

 


O CICC foi inspirado em modelos integrados de segurança adotados em Londres, Nova Iorque, Turquia e Madri.
Monitoramento de cerca de 1200 câmeras das principais áreas da cidade e da Região Metropolitana por meio de um grande Videowall de cinco metros de altura por 17 de comprimento.
O Centro de Operações Rio (COR) é um centro de monitoramento responsável pela integração de cerca de 30 órgãos municipais e concessionárias com o objetivo de monitorar e otimizar o funcionamento da cidade. Criado a partir da necessidade de se integrar a gestão do cotidiano da cidade.
A sala de controle, centro de inteligência do projeto, possui um Videowall com 80 m² de onde mais de 70 controladores monitoram a cidade em tempo integral.
O Centro de Operações Rio desempenha papel fundamental no gerenciamento de crises, além de servir de local para coordenação de grandes eventos onde há deslocamento de multidões e mudanças no trânsito. Graças aos equipamentos de alta tecnologia é possível, em caso de alguma ocorrência, sobrepor dados, cruzar mapas e, em situações extremas, planejar possibilidades de evacuação, acionando no menor tempo possível as equipes responsáveis por solucionar o problema.
Ressalata-se o fato de que as informações do CICC e COR são compartilhadas a partir de um Termo de Acordo de Cooperação assinada entre o Estado e o Município.

Conclusão:

Estes cenários nos conduziram a reflexão da necessidade da real aplicação de Tecnologia da Informação na Segurança Pública para Grandes Eventos e, principalmente, seu legado para enfrentarmos a rotina de nossas cidades. Ressaltando que TI é o meio e não o fim frente às demandas surgidas.

Links para consulta:






2ª PARTE: "Projeto VANT – Aplicação na Defesa Social"

VANTS / UAVS (Drones)

Drone, do inglês zangão, ou o termo VANT, ou Veículo Aéreo não Tripulado, é também conhecido como ARP, Aeronave Remotamente Pilotada, ou ainda como conhecido mundialmente pela sigla UAV, iniciais em inglês para Unmanned Aerial Vehicle.

Segundo a Confederação Brasileira de Aeromodelismo (2005) a definição para VANT é:
[...] um veículo capaz de voar na atmosfera, fora do efeito de solo, que foi projetado ou modificado para não receber um piloto humano e que é operado por controle remoto ou autônomo.

Atendimento das Rotinas de Defesa Social

Estas aeronaves, na sua aplicação como ferramenta na Defesa Social, tem ênfase no setor de mapeamento (fotogrametria e levantamentos aéreos especiais) nas áreas de meio ambiente, florestal, agrícola, infraestrutura, gestão territorial, entre outras.
Entendendo-se a necessidade de definição de todo um conjunto de equipamentos necessários para operar um VANT, ou seja, uma plataforma aérea, estações de controle de superfície, sistemas de transmissão de comandos, de telemetria e recepção e transmissão de dados, entre outros.
Dentre a variada gama de classificações existente para os VANTs é importante ressaltar que para o nosso objetivo, ou seja, uma aeronave de reconhecimento, classificaríamos a necessidade de aeronaves de Alcance Aproximado (CR – “Close Range”), como um tipo de VANT para pequeno raio de ação de aproximadamente 30 Km e uma autonomia de vôo de uma a seis horas, usados em proveito de reconhecimento diurno/noturno, vigilância.

Neste contexto, em janeiro de 2011, verificamos no Rio de Janeiro a primeira vez em que o VANT foi utilizado para a segurança comum. Um avião não-tripulado do IME, o LANU, esteve na Operação Serrana, em Teresópolis e Nova Friburgo, para produzir imagens que poderiam ajudar no resgate a vítimas dos deslizamentos, que mataram oficialmente mais de 900 pessoas.
Naquela ocasião a utilização o VANT possuía características que se alinhavam com as necessidades das tropas envolvidas em missões de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
GLO – artigo 15, § 2º, da Lei Complementar 97/1999.
 "A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal".

Reduzir Riscos e Salvar Vidas

De acordo com o Major EB Eng Mil Jacy Montenegro Magalhães Neto, responsável pelo projeto VANT no Instituto Militar de Engenharia, o diferencial da utilização do VANT para gerar imagens aéreas é a segurança que o veículo oferece, justamente por não ser tripulado, sem arriscar a vida do piloto. Alia-se ao fato de que o custo para tal operação é reduzida devido à motorização elétrica, ao contrário do que acontece em um vôo de helicóptero tradicional.
A parceria do Instituto Militar de Engenharia e Secretaria de Segurança do Estado do Rio de Janeiro rendeu as forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro receber os VANTs que foram financiados por uma verba de R$ 180 mil liberada, em 2010, pela FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), pelo edital Prioridade Rio, e utilizada mais uma vez para uma nobre missão: salvar vidas.
Inicialmente, o projeto previa a construção de três aviões para a Secretaria de Segurança. Os futuros engenheiros acabaram construindo os três previstos, mais um para a Secretaria de Defesa Civil (CestAD/DGDEC), atendendo também ao CBMERJ da Região Serrana, um para a Artilharia Anti-Aérea do Exército (EsACosAAe) e um para ficar no IME e dar continuidade ao desenvolvimento da iniciativa.

VANT - LANU

Trata-se de Aeronaves com 2,10 metros de envergadura, fuselagem em elapor, peso de cerca de 6,5 kg  e motor de 32 cilindradas. O VANT alcança até 3.000 metros de altura durante o vôo, que pode durar até 40 minutos. Os miniaviões contam com um sistema de zoom ótico, capaz de filmar uma placa de carro, por exemplo, a cerca de 500 metros de altura.
O importante é que as aeronaves foram construídas com cérebros e recursos brasileiros, tecnologia livre de restrições internacionais de comércio. 

Regulamentação das Operações com VANT

As aeronaves ainda não foram entregues as forças de segurança considerando que a operação de VANT no espaço aéreo compartilhado com aeronaves tripuladas ainda não está regulamentada pela Organização da Aviação Civil Internacional (OACI). Para que o seu uso seja autorizado, considerações devem ser levadas em conta para que a transição na integração dos VANT no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB) ocorra sem maiores sobressaltos e riscos para os usuários do sistema.

Aspectos de Segurança na Integração de VANT no Espaço Aéreo Brasileiro

O controle de tráfego aéreo brasileiro ainda não está devidamente preparado para aplicações com VANT.
Será preciso, além de uma legislação a respeito, recursos computacionais e treinamentos adequados para os controladores de tráfego aéreo e pilotos. Estações de controle de VANT deverão comunicar-se com as estações tradicionais e estas, com as aeronaves, sejam tripuladas ou não.
Todas as Operações envolvendo aeronaves remotamente tripuladas são reguladas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), segundo a AIC-N 21/10, de 23 Set 10, onde, em seu item 3.7, letras c e e, informam a proibição de vôo sobre cidades, povoados, lugares habitados ou sobre grupos de pessoas ao ar livre e que o vôo somente poderá ocorrer em espaço aéreo segregado, definido por NOTAM (Notice to Airmen - Alerta para pilotos), ficando proibida a operação em espaço aéreo compartilhado com aeronaves tripuladas, porém, o item 4.8 relata que estas restrições, no caso de utilização por organizações militares e órgãos públicos de segurança, podem ser reavaliadas pelo órgão regional (CINDACTA – Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aérea) e, subsequentemente, pelo DECEA, considerando as peculiaridades da missão requerida. Porém, a autorização do vôo conforme informação dada pelo DECEA é liberada em média com 30 dias após a análise do requerimento, o que estabeleceria para operação a segregação do espaço aéreo.

Exceção ao VANT da PF

Em novembro de 2011 foi expedida pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) uma autorização especial para que o Departamento de Polícia Federal empregue VANTS em suas operações, notadamente nas tarefas de vigilância e controle de fronteiras, sendo que atualmente dois Heron da PF fornecidos pela Israel Aerospace Industries (IAI) possuem licença especifica para voar.

Conclusão

A questão de regulamentação da operação regular de VANTs esta sendo estudada a nível global, sendo que a quantidade de obstáculos e de soluções a serem definidas para chegar-se a esse objetivo torna a tarefa complexa, e ao mesmo tempo, urgente por força do rápido crescimento dessa atividade aérea.

Links para consulta: